Como mencionei anteriormente , o lançamento de um astronauta brasileiro pouco adiciona ao avanço da ciência e da tecnologia no Brasil. Num artigo publicado na Folha, Um passeio de 10 milhões de dólares, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, um excelente divulgador da astronomia no Brasil, frisa:
Aliás, a associação do envio do astronauta brasileiro com o vôo do 14 Bis vai colocar em evidência que o Brasil, em cem anos, sofreu um grande atraso. Naquela época, fomos os primeiros a controlar a dirigibilidade dos balões e a levantar vôo com um veículo mais pesado que o ar, graças à iniciativa de Santos Dumont. No presente, o governo gasta US$ 10 milhões para colocarmos um astronauta no espaço -sendo que mais de 30 países já o fizeram-, usando lançadores de outros países.
Num outro artigo, o editor de ciência da Folha, Cláudio Angelo, em Um grande salto para um bauruense, e só, afirma:
A viagem de Marcos Cesar Pontes é um grande salto para um bauruense, mas um passo minúsculo para a ciência no Brasil. Com ela provavelmente nasce e morre o programa espacial tripulado brasileiro, que começou como um delírio megalomaníaco na era FHC e acabou como uma piada no governo Lula.
E mais: É praticamente consenso entre os cientistas que o país ganha muito mais investindo esses recursos parcos em tecnologia de sensoriamento remoto, por exemplo, do que em mandar visitantes ao espaço para realizar pesquisas de balcão.
Em compensação, é bom lembrar que o Brasil não é o único país que usa astronautas para promover os políticos de plantão. Os EUA e a ex-URSS eram muito mais pródigos. E mais competentes...
News on quantum gravity, strings and other interesting stuff in physics.
Novidades em gravitação quântica, cordas e outras coisas interessantes em física.
31 March 2006
30 March 2006
Novos resultados confirmam que os neutrinos têm massa
Os neutrinos são partículas que interagem muito fracamente. A Terra é quase que completamente transparente para os neutrinos. Mesmo assim, podem ser detectados desde que haja uma quantidade enorme deles. Existem três neutrinos diferentes, o neutrino tipo elétron, o neutrino tipo múon e o neutrino tipo tau. Se eles não tiverem massa então um neutrino tipo elétron sempre será desse tipo. Se, entretanto, tiverem massa, eles podem mudar de tipo, por exemplo, o neutrino tipo elétron pode se transformar no neutrino tipo múon ou tau. Isso é conhecido como oscilação do neutrino. Há alguns anos atrás, o laboratório japonês Super-Kamiokande detectou a oscilação dos neutrinos pela primeira vez. Agora, uma nova experiência comprova a oscilação. Neutrinos tipo múon são produzidos no Fermilab, viajam mais de 600 quilometros pelo interior Terra e são detectados numa mina de ferro desativada com mais de meio quilometro de profundidade. Se a massa do neutrino fosse nula seriam detectados cerca de 177 neutrinos mas somente 92 foram encontrados. Os dados ainda não são suficientemente precisos para que se possa determinar qual modêlo teórico explica melhor a oscilação dos neutrinos. Serão ainda necessários mais alguns anos de coleta de dados. E entre as possibilidades para explicar a oscilação dos neutrinos estão algumas que necessitam de dimensões extras. USP e UNICAMP participaram da experiência. Mais detalhes sobre os novos resultados podem ser lidos aqui.
UPDATE: Veja uma boa reportagem na BBC News .
UPDATE: Veja uma boa reportagem na BBC News .
Brasil no espaço
A decolagem do primeiro brasileiro a visitar a Estação Espacial Internacional ocorreu sem problemas. A New Scientist deu destque ao fato. Fotos da decolagem estão disponíveis no blog da Christine Dantas.
Vídeo do eclipse solar
O único lugar do Brasil em que o eclipse de ontem poderia ser observado foi parte da região nordeste. Para quem acordou tarde no nordeste, e para os moradores de outras regiões, aqui vai um vídeo do eclipse.
29 March 2006
Black hole merger movie
27 March 2006
Cosmology, axions and prime numbers
No connection among them! Just a nice post by Sean Carroll on cosmology and the way newspapers looked at the WMAP results, a very interesting article on prime numbers in Seed Magazine, and the detection of light polarization by a strong magnetic field which could be caused by a missing axion. Have fun!
The cost of doing science
While Brazil is spending a small fortune sending an astronaut to space next Wednesday the Americans are fighting to have the next collider built in the States. The Scientific American editorial The Collider Calamity recalls how the USA lost the Superconducting Super Collider years ago and now have to work abroad at the Large Hadron Collider in Switzerland. And make a strong point:
The design, expense and location of this facility have not yet been determined, but the U.S. should do everything in its power to ensure that it is built, preferably on American soil. Although the project's price tag might ultimately rival that of the Super Collider, the cost of not doing the science would be even higher. (to the Americans).
Brazilians have to understand that spending money to send an astronaut to space is not the right way of doing science in a country like Brazil. Some politicians will have a large midia coverage when they talk to the astronaut at the International Space Station. But that is all. After that everything will be forgotten. And the money is gone.
The design, expense and location of this facility have not yet been determined, but the U.S. should do everything in its power to ensure that it is built, preferably on American soil. Although the project's price tag might ultimately rival that of the Super Collider, the cost of not doing the science would be even higher. (to the Americans).
Brazilians have to understand that spending money to send an astronaut to space is not the right way of doing science in a country like Brazil. Some politicians will have a large midia coverage when they talk to the astronaut at the International Space Station. But that is all. After that everything will be forgotten. And the money is gone.
26 March 2006
Educação e criminalidade
No domingo passado assisti uma parte do "Fantástico" em que o rapper MV Bill apresentou um pedaço de seu documentário sobre o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. É chocante ver as imagens e ouvir as declarações de crianças e adolescentes que vivem no meio dos traficantes. Não conhecem e não têm como conhecer outro tipo de vida. E fica patente o que a ausência da família e da educação produz no ser humano.
Da mesma forma que os políticos tradicionais manipulam seus redutos eleitorais para obterem votos, os traficante utilizam-se da população de favelados para manterem seu domínio. E da mesma forma como o baixo clero dos políticos é dominado pela elite retrógrada que nunca aparece na midia, os traficantes servem a senhores cujas identidades estão sempre ocultas.
Tudo isso deixa uma sensação de vazio e de que nada pode ser feito. O mesmo sentimento que temos com a política depois do PT, de que a corrupção não pode ser detida. E do programa do "Fantástico", de que os traficantes vieram para ficar. Porisso é importante manter o sentimento de indignação, quer com políticos corruptos, quer com traficantes que dominam toda uma população. Quase toda a midia e, sem dúvida, a elite dominante, querem que o sentimento de indignação desapareça e que aceitemos tudo isso passivamente e querem que percamos a esperança de que essa situação possa mudar. É essencial que todos se sintam indignados, não importa quantas vezes isso tenha que ser dito.
Felizmente existem algumas poucas vozes dissonantes. Num artigo bastante interessante na Folha, Ser traficante é sinal de inteligência? Talvez., Gilberto Dimenstein faz uma análise bastante interessante. O Colégio Objetivo selecionou 11 estudantes da rêde municipal para premia-los com uma bolsa de estudos e ajuda de custo para estudar. Tratam-se de alunos com aptidões acima da média. E exatamente como o Objetivo selecionou essas pessoas, o tráfico também faz o mesmo. Vai atrás dos mais inteligentes para manter a coisa toda funcionando. É importante frisar que a análise do Dimenstein também vale para o sistema político. Afinal, voces devem sempre se lembrar que os gatunos mais inteligentes são os políticos e seus chefes, pois fazem as leis necessárias para tornar legal qualquer falcatrua que lhes proporcionem lucro. Tornam o ilegal legal! Lembram-se das privatizações?
Porisso tudo é necessário investir pesadamente em educação. É a única maneira de criarmos cidadões conscientes e com poder de mudar a situação atual. E é exatamente por causa disso que a elite não deixa que o investimento em educação cresça. Mesmo quando isso consta da Constituição.
Voltando ao programa do "Fantástico", lembrei-me dos documentários de alta qualidade da BBC que assistia em Londres, quase todos com mais de uma hora de duração. O documentário sobre o tráfico teve uma hora, fugindo ao padrão global de fazer edições horríveis distorcendo o conteúdo, para prender a atenção do telespectador por três minutos. Provavelmente foi uma escorregadela da Globo que provavelmente não voltará a se repetir. Nesse sentido há uma entrevista muito boa na Folha do global Lima Duarte falando mal de merchandising na TV, da Globo, do SBT e do Lula. Provavelmente seu contrato global não foi renovado!
Da mesma forma que os políticos tradicionais manipulam seus redutos eleitorais para obterem votos, os traficante utilizam-se da população de favelados para manterem seu domínio. E da mesma forma como o baixo clero dos políticos é dominado pela elite retrógrada que nunca aparece na midia, os traficantes servem a senhores cujas identidades estão sempre ocultas.
Tudo isso deixa uma sensação de vazio e de que nada pode ser feito. O mesmo sentimento que temos com a política depois do PT, de que a corrupção não pode ser detida. E do programa do "Fantástico", de que os traficantes vieram para ficar. Porisso é importante manter o sentimento de indignação, quer com políticos corruptos, quer com traficantes que dominam toda uma população. Quase toda a midia e, sem dúvida, a elite dominante, querem que o sentimento de indignação desapareça e que aceitemos tudo isso passivamente e querem que percamos a esperança de que essa situação possa mudar. É essencial que todos se sintam indignados, não importa quantas vezes isso tenha que ser dito.
Felizmente existem algumas poucas vozes dissonantes. Num artigo bastante interessante na Folha, Ser traficante é sinal de inteligência? Talvez., Gilberto Dimenstein faz uma análise bastante interessante. O Colégio Objetivo selecionou 11 estudantes da rêde municipal para premia-los com uma bolsa de estudos e ajuda de custo para estudar. Tratam-se de alunos com aptidões acima da média. E exatamente como o Objetivo selecionou essas pessoas, o tráfico também faz o mesmo. Vai atrás dos mais inteligentes para manter a coisa toda funcionando. É importante frisar que a análise do Dimenstein também vale para o sistema político. Afinal, voces devem sempre se lembrar que os gatunos mais inteligentes são os políticos e seus chefes, pois fazem as leis necessárias para tornar legal qualquer falcatrua que lhes proporcionem lucro. Tornam o ilegal legal! Lembram-se das privatizações?
Porisso tudo é necessário investir pesadamente em educação. É a única maneira de criarmos cidadões conscientes e com poder de mudar a situação atual. E é exatamente por causa disso que a elite não deixa que o investimento em educação cresça. Mesmo quando isso consta da Constituição.
Voltando ao programa do "Fantástico", lembrei-me dos documentários de alta qualidade da BBC que assistia em Londres, quase todos com mais de uma hora de duração. O documentário sobre o tráfico teve uma hora, fugindo ao padrão global de fazer edições horríveis distorcendo o conteúdo, para prender a atenção do telespectador por três minutos. Provavelmente foi uma escorregadela da Globo que provavelmente não voltará a se repetir. Nesse sentido há uma entrevista muito boa na Folha do global Lima Duarte falando mal de merchandising na TV, da Globo, do SBT e do Lula. Provavelmente seu contrato global não foi renovado!
23 March 2006
The importance of basic physics
This semester I am teaching basic physics to engineering students and I often have to remind them the importance of learning physics. And also that all I teach really applies to the real life and happens all the time. For those who don't believe in the amazing effects produced by torque there is a surprising example in a sequence of photos that I found at Illuminating Science . When will they learn?
22 March 2006
Cotas na universidade pública e racismo
Num excelente artigo publicado no Estadão, José Goldemberg e Eunice Durham discutem o problema das cotas nas universidades públicas. E apontam, com muita razão, que está será a primeira lei racista a vigorar no Brasil. Os brasileiros agora terão que declarar sua raça para poderem obter os benefícios da lei, algo que lembra em muita a Alemanhã nazista; talvez seja até o caso de colocar essa informação na carteira de identidade para não haver dúvidas. Os autores também argumentam que a melhor alternativa às cotas é fazer com que os cursinhos pré-vestibulares sejam mais acessíveis aos estudantes de baixa renda, a mesma proposta que venho defendendo aqui há muito tempo. Finalmente, para aqueles que não podem se candidatar no regime de cotas e não forem aprovados no vestibular aconselho fortemente que entrem na justiça pois as cotas violam abertamente a Constituição.
21 March 2006
Review on quantum field theory
There is a nice review on quantum field theory published today hep-th/0603155. It discusses in a fair way all approaches to QFT (perturbative, axiomatic and constructive) showing the advantages and limitations of each one. The perturbative approach is by far the most known and developed. It is the one usually teached in QFT courses. It can be applied in many situations and in particular to the standard model. It incorporates gauge symmetry, spontaneous symmetry breaking and anomalies, but infrared effects are tricky. Of course, the summation of the perturbative series is the great problem. The axiomatic approach tries to derive general properties of QFT using just its fundamental principles (like locality and Lorentz symmetry). Strong results are limited to two and three dimensional models without gauge symmetry. The constructive approach on the other side tries to build nontrivial QFT's satisfying some set of axioms. It is more versatile than the axiomatic approach but its success in treating gauge theories in four dimensions is still very limited. There is also a good discussion on renormalizability and the several meanings for effective quantum field theories. There are also some remarks on loop quantum gravity and string theory. At the end the authors are fair in saying that the gaps of QFT could be of a technical nature or could indicate some fundamental shortcoming. And I would not be surprised if gravity would be responsible for this.
20 March 2006
Alain Connes book
To those who like noncommutative geometry Connes book is now in pdf format. Just follow the link.
Topcites 2005
The top cited papers for 2005 compiled by SPIRES is out. As always the first in the list is the PDG review of particle physics followed by two WMAP papers. The first string paper appears in position number 7 and is Maldacena's AdS/CFT paper which is followed by the Randall-Sundrum papers. In the alltime cited papers the first three are the usual ones, PDG, Weinberg and KM paper. And Maldacena's paper is in fourth position, the same as in 2004. Interpretions on how these numbers represent the end on particle physics can be found here.
16 March 2006
Novos dados do WMAP
Hoje foram anunciados os dados coletados pelo WMAP nos últimos dois anos. No site também estão disponíveis os trabalhos. Para um resumo do que foi encontrado veja os comentários do Sean Carroll. É fantástico ver que os pontos do início do gráfico agora caem, quase todos, na curva teórica. Portanto, o Universo é composto de 4% de bárions, 22% de matéria escura e 74% de energia escura, e o melhor modêlo continua sendo o LambdaCDM.
Para quem quer saber o que é o WMAP e o porque de todo esse excitamento veja aqui.
Para quem quer saber o que é o WMAP e o porque de todo esse excitamento veja aqui.
15 March 2006
Ideology, sociology and psychology of strings
There is a paper by Bert Schroer, String theory and the crisis in particle physics, where it is claimed that the ideologically dominated string community is causing a huge crisis in high energy physics. I think that is a good exercise in psychology (even if you are not a psychologist) to try to understand what is behind this paper.
First of all, Bert works in axiomatic field theory not in string theory, so his comments are not of a technical nature. It should also be clear that he thinks that quantum field theory is not a closed subject. I think we all agree on that but not for the same reasons. He claims that there should exist an intrinsic formulation of QFT in which the concept of fields is not mandatory. That is a good topic for research. It is in the same foot as the search for a unique formulation of string theory. It may exist or not but it does not prevent that progress in understanding the theory can be gained by other means. The reason I think QFT is not complete is the lack of a full understanding of its non-perturbative sector, something that author fails to appreciate and that axiomatic field theory is far from even beginning to address.
So let us go back to his paper. His first argument against strings are citations found in discussion groups and texts for layman, like "Superstring/M-theory is the language in which God wrote the world". This hardly can be taken as a serious argument, and Bert knows that, so it seems that he is just warming up the reader. Then his main argument goes like the quantized strings are not really quantum strings because the string excitations are localized around the string center of mass. And he concludes that all this is just "a trick to find a Lagrangian packing for the dual model with its infinite mass tower". Well, anyone who has calculated the spectrum of free strings knows all this. And it seems that all critics of string theory go only to the point of studying free strings and to presume they know it all. There are other comments on the physics of string theory but they are not technical and do not deserve any consideration.
So let us look now at the ideological side to pin down what is behind all this. He lists what he considers to be five big problems. The first is that young people do not know the conceptual axioms of field theory and that he can not talk to them because they only know string theory. Well, surely young people will study axiomatic field theory, if that is relevant for what they are doing, but older people should also study strings if they want to discuss the important issues of today. If you are too old or too lazy to study new things what can be done?
He then complains that the editorial boards of high energy physics journals are full of string people, and that there is an "ideological battle between two globalized groups rather than a critical analysis of its contents", probably refering to submited papers. Is this just another way of saying I can not publish my papers in good journals? After all, if you look at editorial boards you can send your papers to non-stringy physicists. His third point is a complain about the undergraduate course in string theory given at MIT. As we all know young students want to learn string theory and there is nothing wrong with that. If that can be done seriously, why not? What really happens is that undergraduate students keep asking questions about many things. What do you do when they ask you about strings if you do not work in strings? This is tricky, very tricky.
His fourth point is more interesting. As said before he does not consider quantum field theory to be a finished subject and string theory is worse since its "structural properties" are not known (I assume that by structural properties he means an intrinsic formulation). He then says, let us assume that the AdS/CFT correspondence is true and since we know the quantum field theory side we could use the correspondence to find out the "structural properties" of string theory. What a good idea! He just doesn't realize that this is happening, and in both ways. We can learn new things about quantum field theory as well as about strings. In fact, he fails to recognize that what he calls "structural properties" of string theory is named M-theory and string field theory.
Finally, his last point is about the future of particle physics. The problem of having so many string theorists getting jobs and appearing in the media worldwide. Well, this is happening for a long time now, at least since the past century. Relativity, quantum mechanics, atomic bombs and many other topics generated great curiosity in the public and received attention in the media. What can be done if no journalist is looking for you? Do you have any interesting thing to say?
In the second part of the paper Bert tries to convince the reader that we must abandon string theory and go back to quantum field theory, but in his way, to the old fashioned S-matrix bootstrap approach of the 60's! He also claims that the mathematical issues of field theory will be solved soon (probably by him or his group) and criticizes strongly any geometrical approach to field theory. Reading this looks like general relativity is in the wrong track and leads nowhere. Also, the geometrical Atiyah-Witten work is also condemned in his paper. It would be very interesting, however, to see axiomatic field theory saying something about anomalies. Or even about asymptotic freedom. And we are not talking about properties of some formulation of field theory but about Nature itself.
So now we have a clear psychological picture of the paper. Full of prejudices and lack of understanding of what are the main goals of QFT and string theory and very revealing about the author's personality. The only crisis after all is in the author's understanding of the modern world. Unfortunately he is living in Brazil and we have to be sociable and civilized.
Just in time, Lubos and Woit have posts on Bert as well.
First of all, Bert works in axiomatic field theory not in string theory, so his comments are not of a technical nature. It should also be clear that he thinks that quantum field theory is not a closed subject. I think we all agree on that but not for the same reasons. He claims that there should exist an intrinsic formulation of QFT in which the concept of fields is not mandatory. That is a good topic for research. It is in the same foot as the search for a unique formulation of string theory. It may exist or not but it does not prevent that progress in understanding the theory can be gained by other means. The reason I think QFT is not complete is the lack of a full understanding of its non-perturbative sector, something that author fails to appreciate and that axiomatic field theory is far from even beginning to address.
So let us go back to his paper. His first argument against strings are citations found in discussion groups and texts for layman, like "Superstring/M-theory is the language in which God wrote the world". This hardly can be taken as a serious argument, and Bert knows that, so it seems that he is just warming up the reader. Then his main argument goes like the quantized strings are not really quantum strings because the string excitations are localized around the string center of mass. And he concludes that all this is just "a trick to find a Lagrangian packing for the dual model with its infinite mass tower". Well, anyone who has calculated the spectrum of free strings knows all this. And it seems that all critics of string theory go only to the point of studying free strings and to presume they know it all. There are other comments on the physics of string theory but they are not technical and do not deserve any consideration.
So let us look now at the ideological side to pin down what is behind all this. He lists what he considers to be five big problems. The first is that young people do not know the conceptual axioms of field theory and that he can not talk to them because they only know string theory. Well, surely young people will study axiomatic field theory, if that is relevant for what they are doing, but older people should also study strings if they want to discuss the important issues of today. If you are too old or too lazy to study new things what can be done?
He then complains that the editorial boards of high energy physics journals are full of string people, and that there is an "ideological battle between two globalized groups rather than a critical analysis of its contents", probably refering to submited papers. Is this just another way of saying I can not publish my papers in good journals? After all, if you look at editorial boards you can send your papers to non-stringy physicists. His third point is a complain about the undergraduate course in string theory given at MIT. As we all know young students want to learn string theory and there is nothing wrong with that. If that can be done seriously, why not? What really happens is that undergraduate students keep asking questions about many things. What do you do when they ask you about strings if you do not work in strings? This is tricky, very tricky.
His fourth point is more interesting. As said before he does not consider quantum field theory to be a finished subject and string theory is worse since its "structural properties" are not known (I assume that by structural properties he means an intrinsic formulation). He then says, let us assume that the AdS/CFT correspondence is true and since we know the quantum field theory side we could use the correspondence to find out the "structural properties" of string theory. What a good idea! He just doesn't realize that this is happening, and in both ways. We can learn new things about quantum field theory as well as about strings. In fact, he fails to recognize that what he calls "structural properties" of string theory is named M-theory and string field theory.
Finally, his last point is about the future of particle physics. The problem of having so many string theorists getting jobs and appearing in the media worldwide. Well, this is happening for a long time now, at least since the past century. Relativity, quantum mechanics, atomic bombs and many other topics generated great curiosity in the public and received attention in the media. What can be done if no journalist is looking for you? Do you have any interesting thing to say?
In the second part of the paper Bert tries to convince the reader that we must abandon string theory and go back to quantum field theory, but in his way, to the old fashioned S-matrix bootstrap approach of the 60's! He also claims that the mathematical issues of field theory will be solved soon (probably by him or his group) and criticizes strongly any geometrical approach to field theory. Reading this looks like general relativity is in the wrong track and leads nowhere. Also, the geometrical Atiyah-Witten work is also condemned in his paper. It would be very interesting, however, to see axiomatic field theory saying something about anomalies. Or even about asymptotic freedom. And we are not talking about properties of some formulation of field theory but about Nature itself.
So now we have a clear psychological picture of the paper. Full of prejudices and lack of understanding of what are the main goals of QFT and string theory and very revealing about the author's personality. The only crisis after all is in the author's understanding of the modern world. Unfortunately he is living in Brazil and we have to be sociable and civilized.
Just in time, Lubos and Woit have posts on Bert as well.
14 March 2006
Dois anos de "not even wrong"
O blog de Peter Woit, Not Even Wrong, completa dois anos. Seu principal objetivo é fazer críticas à teoria de cordas. Deve ser dito que Peter é um matemático da Columbia U. e não trabalha em teoria de cordas. Suas críticas, portanto, não são quanto aos aspectos técnicos da teoria, mas sim quanto ao fato da área ter 30 anos de idade e não ter produzido nenhum resultado que tivesse tido comprovação experimental. Daí suas frequentes afirmações de que a teoria não pode ser testada e, portanto, não é ciência. Ele até publicou um livro sobre o assunto em 2005. Eu, particularmente, considero que tal raciocínio é bastante forçado. Supersimetria, por exemplo, também tem cerca de 30 anos de idade e ainda não foi descoberta. Entretanto, isso não é motivo para não estudar suas consequências. Afinal, é necessário conhecer seus efeitos para saber se ela existe ou não. E isso tem sido feito ao longo de todos esses anos e espera-se que a supersimetria seja descoberta (ou não) no LHC em 2007 ou 2008.
O post comemorativo Two Years Later, traz comentários sobre as duas últimas grandes ondas em cordas, a correspondência AdS/CFT e o landscape, e a falta de novidades nos últimos anos. De fato, a correspondência nasceu em 1998 mas toda a história do landscape é muito mais recente, de 2003, o que não justifica as críticas de que há um marasmo na área. Além disso, a correspondência continua sendo um dos tópicos mais quentes ao longo destes anos.
Mais recentemente, Peter envolveu-se numa gigantesca discussão envolvendo os trackbacks. Já há algum tempo é possível fazer comentários sobre os papers publicados nos arXives e depois fazer um link entre o paper e o comentário, o chamado trackback. Acontece que os gerentes dos arXives não aceitam comentários de qualquer um. E o Peter está incluído entre eles; seus comentários sobre cordas não são aceitos. Isso gerou uma enorme discussão sobre a necessidade e a utilidade dos trackbacks nos arXives e podem ser seguidos à partir daqui e daqui, para terem a visão dos dois lados.
Acho que é muito interessante tentar compreender porque muita gente trabalha numa área que ainda não teve qualquer comprovação experimental. Como todos sabem, a relatividade geral não é renormalizável; não é possível fazer qualquer cálculo quântico nessa teoria. A teoria de cordas, por sua vez, permite o cálculo de amplitudes envolvendo grávitons. Ela é uma teoria de gravitação quântica no regime perturbativo. De fato, é a única teoria de gravitação quântica conhecida. Nem a loop quantum gravity permite fazer cálculos perturbativos. Como as ondas gravitacionais ainda não foram descobertas, amplitudes envolvendo grávitons estão longe de fornecer um teste experimental para a teoria. De fato, espera-se que a gravitação quântica seja importante no estudo de buracos negros e do big bang. Mas aí, devido aos fortes campos gravitacionais envolvidos, não podemos usar a teoria perturbativa, é necessário incluir efeitos não perturbativos e ainda não temos uma teoria de cordas na qual tais efeitos possam ser incorporados de forma clara e sistemática. Branas e a teoria M são tentativas de explorar efeitos não perturbativos em teoria de cordas.
Outro motivo para estudar cordas é que podemos calcular a entropia de certos tipos de buracos negros. Não se trata de cálculos termodinâmicos (como aqueles feitos por Bekenstein e Hawking), mas de cálculos quânticos envolvendo branas. É a primeira derivação da entropia de buracos negros utilizando-se a mecânica quântica. Isso é realmente notável. Alguns pesquisadores de loop quantum gravity dizem que podem fazer o mesmo mas há um parâmetro que deve ser fixado para ser obtido a concordância. Não existe tal liberdade em cordas.
A correspondência AdS/CFT estabele uma dualidade entre uma teoria de cordas no espaço de anti-De Sitter (AdS) em 5 dimensões e uma teoria de gauge supersimétrica em 4 dimensões. Podemos calcular funções de correlação da teoria de gauge através de cálculos numa teoria de gravitação em AdS. Inclusive, o que é muito importante, no regime de acoplamento forte da teoria de gauge, obtendo-se resultados que não podem ser conseguidos em teoria de perturbação. Dessa forma, foram calculadas algumas funções de correlação no regime de acoplamento forte utilizando-se a correspondência. A seguir, essas mesmas funções de correlação foram calculadas diretamente na teoria de gauge, sem utilizar a correspondência, e o resultado é que elas coincidem! É bastante surpreendente que possamos calcular o mesmo objeto numa teoria de gauge e numa teoria de gravitação.
Poderia dar outros exemplos, mas acho que isso é suficiente para explicar a excitação que toma conta do pessoal que trabalha em cordas. A onda mais recente, o landscape, procura identificar vácuos da teoria de cordas que se pareçam com o universo que habitamos. Argumentos antrópicos são utilizados, o que gera um descontentamento geral. Apesar da falta de evidência experimental, os resultados teóricos são surpreendentes e geram a expectativa de que a teoria de cordas seja realmente uma teoria física. Se o LHC encontrar supersimetria ou encontrar dimensões extras, isso será apenas evidência circunstancial da teoria de cordas, já que ela necessita de supersimetria e de dimensões extras. Mas ainda não há uma previsão que seja específica da teoria de cordas, algo que se encontrado no LHC, só possa ser explicado por cordas e branas. Mas existe muita gente trabalhando para descobrir algum efeito desse tipo da teoria de cordas. Vamos aguardar e participar dessa aventura!
O post comemorativo Two Years Later, traz comentários sobre as duas últimas grandes ondas em cordas, a correspondência AdS/CFT e o landscape, e a falta de novidades nos últimos anos. De fato, a correspondência nasceu em 1998 mas toda a história do landscape é muito mais recente, de 2003, o que não justifica as críticas de que há um marasmo na área. Além disso, a correspondência continua sendo um dos tópicos mais quentes ao longo destes anos.
Mais recentemente, Peter envolveu-se numa gigantesca discussão envolvendo os trackbacks. Já há algum tempo é possível fazer comentários sobre os papers publicados nos arXives e depois fazer um link entre o paper e o comentário, o chamado trackback. Acontece que os gerentes dos arXives não aceitam comentários de qualquer um. E o Peter está incluído entre eles; seus comentários sobre cordas não são aceitos. Isso gerou uma enorme discussão sobre a necessidade e a utilidade dos trackbacks nos arXives e podem ser seguidos à partir daqui e daqui, para terem a visão dos dois lados.
Acho que é muito interessante tentar compreender porque muita gente trabalha numa área que ainda não teve qualquer comprovação experimental. Como todos sabem, a relatividade geral não é renormalizável; não é possível fazer qualquer cálculo quântico nessa teoria. A teoria de cordas, por sua vez, permite o cálculo de amplitudes envolvendo grávitons. Ela é uma teoria de gravitação quântica no regime perturbativo. De fato, é a única teoria de gravitação quântica conhecida. Nem a loop quantum gravity permite fazer cálculos perturbativos. Como as ondas gravitacionais ainda não foram descobertas, amplitudes envolvendo grávitons estão longe de fornecer um teste experimental para a teoria. De fato, espera-se que a gravitação quântica seja importante no estudo de buracos negros e do big bang. Mas aí, devido aos fortes campos gravitacionais envolvidos, não podemos usar a teoria perturbativa, é necessário incluir efeitos não perturbativos e ainda não temos uma teoria de cordas na qual tais efeitos possam ser incorporados de forma clara e sistemática. Branas e a teoria M são tentativas de explorar efeitos não perturbativos em teoria de cordas.
Outro motivo para estudar cordas é que podemos calcular a entropia de certos tipos de buracos negros. Não se trata de cálculos termodinâmicos (como aqueles feitos por Bekenstein e Hawking), mas de cálculos quânticos envolvendo branas. É a primeira derivação da entropia de buracos negros utilizando-se a mecânica quântica. Isso é realmente notável. Alguns pesquisadores de loop quantum gravity dizem que podem fazer o mesmo mas há um parâmetro que deve ser fixado para ser obtido a concordância. Não existe tal liberdade em cordas.
A correspondência AdS/CFT estabele uma dualidade entre uma teoria de cordas no espaço de anti-De Sitter (AdS) em 5 dimensões e uma teoria de gauge supersimétrica em 4 dimensões. Podemos calcular funções de correlação da teoria de gauge através de cálculos numa teoria de gravitação em AdS. Inclusive, o que é muito importante, no regime de acoplamento forte da teoria de gauge, obtendo-se resultados que não podem ser conseguidos em teoria de perturbação. Dessa forma, foram calculadas algumas funções de correlação no regime de acoplamento forte utilizando-se a correspondência. A seguir, essas mesmas funções de correlação foram calculadas diretamente na teoria de gauge, sem utilizar a correspondência, e o resultado é que elas coincidem! É bastante surpreendente que possamos calcular o mesmo objeto numa teoria de gauge e numa teoria de gravitação.
Poderia dar outros exemplos, mas acho que isso é suficiente para explicar a excitação que toma conta do pessoal que trabalha em cordas. A onda mais recente, o landscape, procura identificar vácuos da teoria de cordas que se pareçam com o universo que habitamos. Argumentos antrópicos são utilizados, o que gera um descontentamento geral. Apesar da falta de evidência experimental, os resultados teóricos são surpreendentes e geram a expectativa de que a teoria de cordas seja realmente uma teoria física. Se o LHC encontrar supersimetria ou encontrar dimensões extras, isso será apenas evidência circunstancial da teoria de cordas, já que ela necessita de supersimetria e de dimensões extras. Mas ainda não há uma previsão que seja específica da teoria de cordas, algo que se encontrado no LHC, só possa ser explicado por cordas e branas. Mas existe muita gente trabalhando para descobrir algum efeito desse tipo da teoria de cordas. Vamos aguardar e participar dessa aventura!
A origem da massa e a debilidade da gravidade
Através do blog do Lubos achei um ótimo colóquio de Frank Wilczek do ano passado. Wilczek não só ganhou o prêmio Nobel mas é um expositor muito bom e sua risada é típica (sempre achei que fosse impossível rir aspirando o ar; ele consegue fazer isso! Confira no seminário). Ele fala sobre The Origin of Mass and the Feebleness of Gravity mas começa de fato por F=ma. Discute o conceito de massa na relatividade restrita e como é possível calcular o espectro da QCD na rede, e a relação das massas com a gravitação. É claro que também explica a liberdade assintótica (descoberta que lhe deu o premio Nobel) de forma bastante física. Trata-se de um colóquio e as poucas equações que ele escreve são conhecidas de todos. Mas veja com tempo. O vídeo tem 1:20 hs de duração.
Ensino, pesquisa e extensão
É lamentável a confusão que ainda existe sobre o tripé ensino, pesquisa e extensão na universidade. E é mais preocupante quando ela se manifesta através do Jornal da USP. O artigo do prof. Prouvot, A docência no ensino, pesquisa e extensão, é um exemplo claro. Esse texto afirma que "Mesmo que o professor não seja um pesquisador na verdadeira acepção do termo, necessita ler, estudar e se atualizar constantemente para sua função de professor, e precisa, até por determinações estatutárias, realiza-las e publica-las." Um professor que não é pesquisador mas atualiza-se constantemente é, de fato, um bom professor, um professor zeloso e capaz. Mas como ele não é pesquisador, seu lugar não é numa universidade mas sim numa escola superior (ou centro universitário, de acordo com o anteprojeto de lei da reforma universitária). É bom lembrar que a universidade caracteriza-se pela geração e transmissão do conhecimento enquanto a escola superior cuida apenas de sua transmissão. E é bom salientar que não são apenas os institutos de pesquisa que geram um saber novo, mas que esse é um dos objetivos fundamentais de qualquer universidade digna desse nome. Voltando ao texto, coitado do professor que realiza atividades de pesquisa porque assim lhe é exigido. A pesquisa, da mesma forma que o ensino, deve ser realizada pelo prazer intelectual que isso gera e não por mera obrigação.
Continuando, o prof. Prouvot afirma: "Entretanto, todas essas exigências não podem suplantar a sua função docente, que é confundida de certo modo, com a extensão, que, em uma análise mais ampla, é o grande objetivo da universidade". Aqui se dá a confusão fundamental. O objetivo imediato da universidade é a formação de mão de obra qualificada. São os alunos que preparamos para assumirem postos profissionais altamente qualificados. A pesquisa, por sua vez, pode não ter retorno imediato. Muitas vezes são necessários anos para que algo descoberto no laboratório de uma universidade chegue à sociedade. E a extensão é tudo aquilo que fazemos e que não pode ser qualificado nem de ensino e nem de pesquisa. Nem porisso a extensão é menos importante, e certamente constituiu um elo fundamental entre a universidade e a sociedade. E é claro, alunos que aprendem com pesquisadores muma universidade são muito melhores do que aqueles formados por professores num centro universitário. É exatamente porisso que os formandos da USP são sempre muito disputados pelo mercado de trabalho. Isto tudo mostra a importância do ensino, pesquisa e extensão, que quando realizados em conjunto e de forma competente promovem a valorização da universidade e contribuem de maneira fundamental para formação de uma sociedade maiz capacitada em todos os sentidos.
Continuando, o prof. Prouvot afirma: "Entretanto, todas essas exigências não podem suplantar a sua função docente, que é confundida de certo modo, com a extensão, que, em uma análise mais ampla, é o grande objetivo da universidade". Aqui se dá a confusão fundamental. O objetivo imediato da universidade é a formação de mão de obra qualificada. São os alunos que preparamos para assumirem postos profissionais altamente qualificados. A pesquisa, por sua vez, pode não ter retorno imediato. Muitas vezes são necessários anos para que algo descoberto no laboratório de uma universidade chegue à sociedade. E a extensão é tudo aquilo que fazemos e que não pode ser qualificado nem de ensino e nem de pesquisa. Nem porisso a extensão é menos importante, e certamente constituiu um elo fundamental entre a universidade e a sociedade. E é claro, alunos que aprendem com pesquisadores muma universidade são muito melhores do que aqueles formados por professores num centro universitário. É exatamente porisso que os formandos da USP são sempre muito disputados pelo mercado de trabalho. Isto tudo mostra a importância do ensino, pesquisa e extensão, que quando realizados em conjunto e de forma competente promovem a valorização da universidade e contribuem de maneira fundamental para formação de uma sociedade maiz capacitada em todos os sentidos.
13 March 2006
O tédio e a qualidade do ensino público
Recomendo fortemente o artigo de Paulo Ghiraldelli Jr. publicado na Folha, O tédio mata nosso ensino. Ele toca forte num ponto que é frequentemente deixado de lado: a carreira do magistério. Como é possível motivar nossos professores públicos do primeiro e segundo graus a se qualificarem, se não há nenhuma remuneração extra, nenhuma carreira que eles possam ascender? Isso explica, em certa medida, porque as universidades públicas são bem sucedidas. É necessário ter o mestrado, o doutorado, e em algumas, a livre-docência, para que os professores possam chegar ao topo da carreira e possam receber um salário melhor. No primeiro mundo é constante a recompensa salarial por cursos de atualização que os professores fazem. No Brasil, essa política é execrada pelos profissionais da área, que têm medo da concorrência e da competência. As promoções na carreira são quase sempre feitas por tempo de serviço. E como o artigo aponta, isso é transmitido pelas próprias universidades públicas que formam os professores.
12 March 2006
Desenvolvimento apenas para São Paulo e Rio?
No artigo bastante interessante de José Scheikman Educação e desenvolvimento, há referência à
Exploiting States - Mistakes to Identify the Causal Impact of Higher Education on Growth de Philippe Aghion, Leah Boustan, Caroline Hoxby e Jerome Vandenbussche. Neste trabalho faz-se um estudo estatisticamente sério acerca da relação entre educação superior e desenvolvimento. Sabemos que a educação superior gera desenvolvimento, como acontece com alguns países asiáticos, mas será que o desenvolvimento gera mais educação à medida que o país aumenta suas riquezas? Eles analisaram o que acontece nos EUA e concluíram que os investimentos em pós-graduação e centros de pesquisa têm um efeito muito maior nos estados onde o avanço tecnológico já é mais extenso, como Massachusetts, do que em estados menos desenvolvidos, como o Alabama. Nos estados mais atrasados os investimentos em educação secundária tem um efeito muito maior do que os gastos na pós-graduação.
Veja que trata-se de um trabalho extremamente sério mas que infelizmente tem pouca chance de ser utilizado no Brasil. O eterno chavão de diminuir as desigualdades regionais do Brasil tem que ser utilizado com muito cuidado. Devemos, sim, diminuir as diferenças sociais entre a diversas regiões mas devemos parar aí. Porém, quem é que vai endossar a proposta de que a região sudeste e sul, que detém quase 75% dos cursos de pós-graduação, devam ser privilegiadas? Muita gente séria no Brasil acha que não é possível investir em ciência e tecnologia de forma uniforme e pulverizada como vem acontecendo, e que a maior parte dos recursos deve ser concentrado nos estados mais desenvolvidos. Agora há um estudo sério comprovando isso. Vamos novamente tapar o sol com a peneira?
Exploiting States - Mistakes to Identify the Causal Impact of Higher Education on Growth de Philippe Aghion, Leah Boustan, Caroline Hoxby e Jerome Vandenbussche. Neste trabalho faz-se um estudo estatisticamente sério acerca da relação entre educação superior e desenvolvimento. Sabemos que a educação superior gera desenvolvimento, como acontece com alguns países asiáticos, mas será que o desenvolvimento gera mais educação à medida que o país aumenta suas riquezas? Eles analisaram o que acontece nos EUA e concluíram que os investimentos em pós-graduação e centros de pesquisa têm um efeito muito maior nos estados onde o avanço tecnológico já é mais extenso, como Massachusetts, do que em estados menos desenvolvidos, como o Alabama. Nos estados mais atrasados os investimentos em educação secundária tem um efeito muito maior do que os gastos na pós-graduação.
Veja que trata-se de um trabalho extremamente sério mas que infelizmente tem pouca chance de ser utilizado no Brasil. O eterno chavão de diminuir as desigualdades regionais do Brasil tem que ser utilizado com muito cuidado. Devemos, sim, diminuir as diferenças sociais entre a diversas regiões mas devemos parar aí. Porém, quem é que vai endossar a proposta de que a região sudeste e sul, que detém quase 75% dos cursos de pós-graduação, devam ser privilegiadas? Muita gente séria no Brasil acha que não é possível investir em ciência e tecnologia de forma uniforme e pulverizada como vem acontecendo, e que a maior parte dos recursos deve ser concentrado nos estados mais desenvolvidos. Agora há um estudo sério comprovando isso. Vamos novamente tapar o sol com a peneira?
Bienal do Livro
Hoje foi o primeiro domingo da Bienal do Livro em São Paulo, no Anhembi. Meia hora na fila do estacionamento e mais quinze minutos para obter o ingresso, e isso tudo logo depois do meio dia quando o movimento é menor.
O público mais visado na Bienal é, sem dúvida, o infantil. Isto é muito bom num país que pouco valoriza a leitura; pelo menos ficamos com a esperança que no futuro as coisas melhorem. Vários autores infantis estavam dando autógrafos e muitas atividades para a garotada podiam ser encontradas. Como sempre, os livros de auto-ajuda ocupam grande parte da exposição. Alguns escritores também estavam por lá; parece ser um dos segmentos que mais fatura no ramo, depois dos livros didáticos. Cruzei também com o Suplicy e o Alckmin, este último, sem dúvida, em plena campanha. O que mais me surpreendeu foi a quantidade de expositores relacionados à temas religiosos, muito maior que na última bienal que visitei (há uns seis anos atrás). Principalmente os evangélicos, que são muito mais organizados. Não encontrei nenhuma campanha explícita pelo criacionismo :).
Depois de quase 6 horas de caminhada fiquei um pouco desapontado. Livros de divulgação científica praticamente ausentes, alguns livros de informática, e muito pouco que incentive o interesse das crianças pela ciência. Exceto pelo trailler do Código da Vinci, que ainda não havia assistido, realmente nada de novo. Valeu apenas pelo passeio.
Para quem ainda não foi, a Bienal termina no próximo domingo.
O público mais visado na Bienal é, sem dúvida, o infantil. Isto é muito bom num país que pouco valoriza a leitura; pelo menos ficamos com a esperança que no futuro as coisas melhorem. Vários autores infantis estavam dando autógrafos e muitas atividades para a garotada podiam ser encontradas. Como sempre, os livros de auto-ajuda ocupam grande parte da exposição. Alguns escritores também estavam por lá; parece ser um dos segmentos que mais fatura no ramo, depois dos livros didáticos. Cruzei também com o Suplicy e o Alckmin, este último, sem dúvida, em plena campanha. O que mais me surpreendeu foi a quantidade de expositores relacionados à temas religiosos, muito maior que na última bienal que visitei (há uns seis anos atrás). Principalmente os evangélicos, que são muito mais organizados. Não encontrei nenhuma campanha explícita pelo criacionismo :).
Depois de quase 6 horas de caminhada fiquei um pouco desapontado. Livros de divulgação científica praticamente ausentes, alguns livros de informática, e muito pouco que incentive o interesse das crianças pela ciência. Exceto pelo trailler do Código da Vinci, que ainda não havia assistido, realmente nada de novo. Valeu apenas pelo passeio.
Para quem ainda não foi, a Bienal termina no próximo domingo.
08 March 2006
06 March 2006
Aprendendo a publicar
Quem almeja ser um pesquisador sério e consciente deve aprender a escrever trabalhos científicos. Em geral, o primeiro trabalho realmente sério, ainda estudante, é a tese, quer de mestrado, quer de doutorado. Depois disso, é necessário mostrar que se pode viver sem um orientador e uma das coisas mais difíceis nessa etapa é escrever seus próprios trabalhos. Muitos tendem a repetir o mesmo esquema da tese num trabalho enviado para uma revista e via de regra o trabalho é rejeitado. O blog BioCurious traz um link interessante sobre o assunto, Ten Simple Rules for Getting Published, publicado numa revista de biologia computacional, mas que na verdade, são úteis em qualquer área. Uma das lições mais importantes, e que eu endosso completamente, é: comece cedo! E qualidade acima de tudo.
02 March 2006
Sexo, mentiras e ... físicos?
Um novo blog tenta construir uma ponte entre cientistas e o resto do mundo de uma maneira séria mas com muito bom humor. Trata-se do Cocktail party physics. Um dos posts tem o título Sex, lies and physicists e faz referência a um artigo publicado no Seed Magazine que trata das aventuras sexuais de físicos famosos. Vale a pena checar as histórias de Einstein e Feynaman entre outros.
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