News on quantum gravity, strings and other interesting stuff in physics.
Novidades em gravitação quântica, cordas e outras coisas interessantes em física.
30 September 2006
System of units and coordinates
"... systems of units are like coordinates. They’re both systems of arbitrary choices that let us describe reality using numbers. In both cases, we’re ultimately interested in learning things that don’t depend on these arbitrary choices."
The discussion is quite good and interesting.
28 September 2006
Brazilian Meeting in Particles and Fields
The talks are already available in the homepage.
23 September 2006
O universo elegante na Google video
Einstein's Dream
Strings the Thing
Welcome to the 11th Dimension
Banda larga é realmente necessária. (Via blog do L. Motl)
21 September 2006
Last solar eclipse in 2006
19 September 2006
Lorentz invariance in good health
17 September 2006
O retrocesso do IFUSP
Desde sua fundação, o Instituto de Física da USP sempre teve um papel de destaque na formação dos físicos brasileiros. A qualidade de seus cursos é indiscutível e tem reconhecimento internacional. Um dos diversos elementos responsáveis por esse sucesso é a atribuição de uma turma por docente em cada período letivo, o mesmo padrão de carga didática encontrado nas melhores universidades do mundo. Isto garante aos docentes condições de preparar adequadamente suas aulas, prestar atendimento aos alunos fora do horário de aulas e manter suas atividades de pesquisa, de forma a manter-se atualizado e poder ministrar aulas de qualidade. É claro que qualquer docente pode arcar com uma carga didática maior sabendo, de antemão, que a excelência de suas aulas será reduzida à medida que suas horas de aula aumentarem. É exatamente isto que distingue as melhores universidades, a tradição de combinar docência de alta qualidade e pesquisa de alto padrão. É assim no mundo inteiro e assim tem sido no IFUSP até o presente.
A imposição do mínimo de oito horas de aula semanais pela LDB trouxe um grande problema para os institutos e departamentos de física das universidades federais que tradicionalmente atribuíam uma turma por docente. Como conseqüência, um docente deve, em geral, ministrar aulas para mais de uma turma, indo na contra-mão da tendência universal do ensino de qualidade. As universidades federais tentaram, então, encontrar meios de acomodar-se a LDB e ao mesmo tempo manter o padrão de qualidade de suas instituições, procurando manter, na medida do possível, a carga didática de um curso por docente. A grande maioria encontrou saídas engenhosas para o problema trazido pela LDB e tiveram sucesso nessa empreitada.
Na Universidade de São Paulo, por outro lado, o mínimo exigido são seis horas de aulas semanais. O IFUSP, por sua vez, sempre ignorou essa norma e continuou mantendo a carga tradicional de uma turma por docente, quer com seis, quer com quatro horas semanais, garantindo a qualidade de seus cursos. Infelizmente, essa situação pode mudar. Devido ao número reduzido de professores que existem atualmente e devido ao número excessivo de disciplinas, há um movimento articulado para quebrar essa tradição de qualidade. Ao invés dos dirigentes do instituto usarem o fato de não ser possível cumprir a carga didática mantendo o seu padrão de excelência usual, argumentos poderosos para justificar a contratação de novos docentes, preferem seguir uma linha legalista. Querem simplesmente fazer cumprir a exigência das seis horas semanais, atribuindo para alguns docentes duas turmas no mesmo semestre. Mesmo que tal medida dure um tempo determinado, como proposto, acarretará, sem dúvida, uma queda no nível do ensino do instituto. Obviamente, a maior parte dos docentes preocupados com a qualidade do ensino não apóia tal medida. Surpreendentemente, vários docentes ligados à área de ensino são os maiores partidários dessa proposta perniciosa. Apóiam uma decisão que vai causar prejuízo à qualidade dos cursos ministrados no IFUSP indo de encontro aos propalados ideais de lutar pela melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis.
A decisão será tomada em breve. Vamos esperar que os responsáveis tenham discernimento suficiente para manter a qualidade do curso de física mais tradicional do Brasil. Enquanto as universidades federais lutam contra forças que tentam minar a qualidade de suas atividades, o IFUSP, sem nenhuma pressão externa, abre mão gratuitamente de uma de suas mais poderosas prerrogativas, a qualidade do ensino.
O simples fato de que tal proposta tenha chegado ao ponto em que chegou caracteriza um grande retrocesso do IFUSP. Isto não é um fato isolado, mas a expressão mais veemente da decadência que o instituto vem sofrendo em sua história recente. Só resta aguardar uma mobilização daqueles comprometidos com o elevado nível de excelência que sempre caracterizou o IFUSP, a fim de manter seu rumo na direção do ensino de qualidade e da pesquisa de alto nível. Esta ainda é a melhor forma de servimos a sociedade que nos patrocina.
13 September 2006
Palestra de revisão
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PALESTRA DE REVISÃO DE TEORIA DE CAMPOS
No Encontro de 2003 a palestra de revisão foi apresentada por Dionísio Bazeia Filho da UFPb. Ele fez uma comparação, bastante interessante e necessária, entre o número de trabalhos em teoria de campos apresentados naquela reunião, dividido por sub-áreas, e o número de trabalhos publicados nos arXives nessas mesmas sub-áreas. Grandes distorções foram detectadas. A maior parte dos trabalhos apresentados, 15%, eram em teoria de campos aplicado à matéria condensada enquanto nos arXives essa proporção é de apenas 1%. A área mais ativa, teoria de cordas, com 25% nos arXives, correspondia apenas à 8% dos trabalhos apresentados no encontro.
Não pretendo atualizar essa tabela. Dois anos é muito pouco tempo para que haja mudanças significativas. Porém, acho interessante comparar o que se faz no resto do mundo com o que se faz no Brasil.
No exterior, a área de teoria de campos é hoje dominada pelos pesquisadores de teoria de cordas. Entretanto, existe no Brasil uma grande comunidade que se dedica ao estudo da teoria de campos sem se preocupar com a teoria de cordas. Isso representa um aspecto preocupante pois falta modernidade aos pesquisadores que alheiam-se aos avanços produzidos pela teoria de cordas.
Os aspectos perturbativos da teoria de campos estão completamente compreendidos, quer em quatro, quer em duas dimensões. Infelizmente, ainda existe no Brasil um número considerável de pesquisadores que continuam nessa área. A única linha que ainda necessita pesquisa é o cálculo de amplitudes de espalhamento, principalmente nas teorias de gauge não abelianas. Técnicas que permitam o cálculo de amplitudes para muitas partículas ou envolvendo vários loops ainda estão em desenvolvimento. Técnicas de teoria de cordas estão sendo extremamente úteis.
O grande problema real na teoria de campos é a compreensão do setor não perturbativo. O cálculo do espectro das teorias de gauge não abelianas, a demonstração do confinamento da QCD, o problema das cópias de Gribov, o estudo das dualidades, a expansão 1/N e cálculos na rêde, são os tópicos mais importantes. Felizmente, vários grupos brasileiros ocupam-se desses problemas.
Outro tema já bastante difundido no Brasil é o estudo de teoria de campos não comutativa. Existem vários grupos trabalhando em diversos aspectos dessas teorias distribuídos pelo Brasil. Também importante é a teoria de campos em espaços curvos. Alguns grupos brasileiros tem interesse nesse tópico. A teoria de campos à temperatura finita também é outra linha em que temos vários grupos, porém não há grande movimentação nessa área no exterior. As aplicações à matéria condensada é outra linha nessa mesma situação. Já o estudo do efeito Casimir e o uso de condições de contôrno em teoria de campos representam linhas com grande número de brasileiros envolvidos e que também tem tido grande desenvolvimento no exterior.
Uma parcela significativa da comunidade dedica-se ao estudo da integrabilidade em teoria de campos, principalmente em duas dimensões. Deve-se chamar a atenção para o fato de que hoje em dia há indícios de que a teoria de campos maximalmente supersimétrica é integrável. Há, também, uma forte conexão com a integrabilidade da teoria de cordas em determinados backgrounds. Infelizmente, não há ninguém no Brasil desenvolvendo essa linha.
Uma nova área aberta pela teoria de cordas e pela loop quantum gravity é a chamada violação de Lorentz na teoria de campos. Na verdade, não se trata da violação da simetria de Lorentz, mas no estudo da teoria de campos quando algum vetor ou tensor adquire um valor esperado no vácuo. Trata-se de uma área em expansão e que atrai algumas poucas pessoas no Brasil.
Sem dúvida a teoria de cordas representa o próximo passo a ser desenvolvido após o sucesso da teoria de campos . Entretanto, o número de pesquisadores brasileiros nessa área ainda é extremamente reduzido. Trata-se de uma área dinâmica e extremamente competitiva e talvez isso explique o retraimento de nossa comunidade. O cálculo de amplitudes é uma das poucas áreas desenvolvidas no Brasil. Teoria de campos de cordas, modêlos matriciais e teoria de cordas topológicas são linhas inexistentes no Brasil mas de grande atividade no exterior. A fenomenologia de cordas, e principalmente o estudo da landscape, são outras linhas de grande atividade no exterior e só agora alguns pesquisadores brasileiros começam a tomar interesse. As diversas cosmologias baseadas na teoria de cordas, como braneworlds, Randall-Sundrum, dimensões extras e ações efetivas da teoria de cordas envolvem alguns grupos brasileiros e parece que aos poucos tais grupos estão se consolidando.
Entretanto, a grande movimentação que ocorre hoje em dia na área é devido à correspondência AdS/CFT, ou mais genericamente, a correspondência gravitação/teoria de gauge. O cálculo do espectro em teorias de gauge envolve alguns pesquisadores brasileiros. Como mencionado anteriormente, a linha que está em crescimento, entretanto, é a do estudo da integrabilidade dos dois lados da correspondência. Infelizmente essa é uma linha que ainda não é desenvolvida no Brasil.
Espero ter traçado um perfil dos trabalhos apresentados neste encontro, comparando-os com as linhas mais importantes que estão sendo desenvolvidas no exterior. Temos muitos grupos envolvidos nessas linhas mais dinâmicas mas ainda temos um número significativo de pesquisadores trabalhando em assuntos não tão importantes. Espero que a médio prazo esse quadro possa ser modificado de maneira positiva e possamos estar contribuindo para a solução dos grandes problemas de nossa área.
Apenas algumas referências básicas foram supridas.
10 September 2006
Geometria versus algebra
06 September 2006
Compromisso Todos pela Educação
1. Toda criança e jovem de 4 a 17 anos estará na escola.
2. Toda criança de 8 anos saberá ler e escrever.
3. Todo aluno aprenderá o que é apropriado para sua série.
4. Todos os alunos vão concluir o ensino fundamental e o médio.
5. O investimento na educação básica será garantido e bem gerido.
Para conscientizar a população, o Todos pela Educação vai fazer inserções na mídia do país inteiro, mostrando essas metas. Os participantes privados deverão fazer ações individuais. Bancos, por exemplo, poderão colocar material informativo em suas agências. O movimento pretende reverter indicadores como a escolaridade média de 4,9 anos no país (comparado com 8,8 na Argentina) e o número de jovens fora da escola (809 mil entre 7 e 14 anos). Para isso será necessário aumento do orçamento para a educação em todos os níveis do governo.
Obviamente esse é um programa que todos os candidatos a presidente deveriam apoiar. Todos os candidatos afirmam que a educação é importante, entretanto, apenas um deles, Cristovam Buarque, proclama que a educação é a única forma de mudar a cara do Brasil. E ele está certo. Infelizmente não vai ser eleito e mesmo que fosse a elite o impediria da fazer mudanças bruscas na educação. Porisso não tem outro jeito. Temos que ir a passos de tartaruga, apoiando movimentos como o Compromisso Todos pela Educação, e esperando que ele não morra no berço.
Dois artigos comentam o movimento na Folha. Eles estão aqui e aqui. Infelizmente, é necessário ser assinante.
UPDATE: Leia um dos os artigos mencionados no Jornal da Ciência aqui. Uma reportagem está também aqui.
UPDATE: Existe um site para o movimento.