01 May 2006

Ministro da educação propõem avaliação das universidades federais

Numa entrevista para a Folha de hoje (infelizmente o acesso é apenas para assinantes), o ministro da educação comenta vários pontos da nova versão do projeto de reforma universitária. Dentre as novidades, Fernando Haddad anuncia que o governo adotará critérios de avaliação para a concessão de verbas para as universidades federais. Serão levados em conta o número de concluintes, diplomas expedidos, relação de alunos por professor, produção científica em revistas indexadas, registro e comercialização de patentes e a oferta de cursos noturnos. Se a proposta se concretizar será um grande avanço para o sistema de ensino público. Esta proposta poderia aumentar as diferenças regionais mas o ministro promete levar em conta não o valor absoluto desses indicadores mas sim sua taxa de crescimento. Infelizmente veremos a mobilização daquela parte improdutiva das universidades que não quer nenhum tipo de avaliação séria. Como são extremamente ativos e articulados, já que não se dedicam às atividades produtivas da universidade, é muito provável que eles consigam retirar este ponto da reforma universitária.

Outro ponto importante, embora polêmico, é o ensino à distância. O ministro promete que será restrito à formação continuada de professores do ensino básico e médio. Sem dúvida, tais professores necessitam urgentemente serem reciclados. Porém, se essa é a melhor maneira de fazer isso não é claro. Certamente, quando o ensino à distância parar na mão das univesidades privadas será uma festa.

3 comments:

Anonymous said...

Já tinha ouvido o ministro dizer estas asneiras na TV, e logo percebi que nada irá mudar.
- Número de concluintes e diplomas expedidos: isso não quer dizer nada se não houver qualidade.
- Relação de alunos por professor: outra asneira, quanto maiores as turmas pior o rendimento, quanto mais orientandos piores as orientações.
- Produção científica em revistas indexadas: agora é que os doutos vão cuspir artigos (pseudo)científicos.
- Registro e comercialização de patentes: mais um motivo para os acadêmicos ficarem se comendo vivos e deixarem o ensino de lado.
- Oferta de cursos noturnos: o que adianta oferecer mais cursos noturnos se tais cursos terminam sendo tratados como sub-cursos, principalmente quando trata-se de licenciaturas.

E a maldita parte improdutiva, que compõe a maioria e que está espalhada em todos os centro e departamentos, irá deitar e rolar.
As coisas só irão mudar um dia se a parte produtiva se humanizar, se articular, inclusive com o alunado, e começar minar o terreno dos embusteiros, mas como se tal parte trabalha demais e não tem tempo para questões menores.
Avaliações só funcionarão quando forem idealizadas e realizadas pela parte produtiva e, claro, forem avaliações sobre os alunos, testando o conhecimento efetivo com que terminam seus cursos, tipo uma prova da OAB, só que avaliando um número bem maior de competências.

O ensino a distância é uma piada de muito mau gosto. O ensino presencial já não funciona, que dirá o à distância. Não só os professores formados há anos precisam ser reciclados como também se precisa melhorar em muito a formação nos cursos atuais que estão uma porcaria. Com certeza essa reciclagem vai parar na mão das “privadas”, e a culpa é dos acadêmicos da universidade pública, pois já presenciei a recusa de cursos de reciclagem à distância em que haveria encontros periódicos entre professores e alunos. Mas como não ser assim se os ensinos fundamental e médio são uma questão menor na mente dos doutos? É que eles estão muito ocupados salvando o mundo!

Victor Rivelles said...

Caro Krishna,

Como previsto, muito gente é contra qualquer proposta de mudança. O ponto é que temos que começar por algum lugar. Não adianta deixar como está. É bom lembrar que a pós-graduação tem uma avaliação séria efetuada pela Capes e que tem melhorado significativamente a qualidade dos cursos de pós-graduação no Brasil. Há muita gente que não quer que a graduação seja avaliada de forma semelhante. Querem uma avaliação mais frouxa. Devemos nos precaver contra isso e evitar que a parte podre das universidades tomem conta da avaliação.

Saudações,

Victor

Anonymous said...

Não só sou a favor de mudanças como acho que elas urgem, mas de mudanças de verdade e não essa palhaçada aí proposta pelo ministro, que são tão transformadoras que nada irá mudar, pelo menos para melhor.
A pós-graduação tem uma avaliaçao séria? Ué, jurava que a avaliação que faziam aí na USP era igual a que fazem aqui na UFPE, e o 7 da física daqui é uma grande mentira! Pelo menos em termos de conhecimento efetivos por parte dos alunos, e em sua maioria por parte dos professores também. E eu provo se preciso for!