No artigo bastante interessante de José Scheikman Educação e desenvolvimento, há referência à
Exploiting States - Mistakes to Identify the Causal Impact of Higher Education on Growth de Philippe Aghion, Leah Boustan, Caroline Hoxby e Jerome Vandenbussche. Neste trabalho faz-se um estudo estatisticamente sério acerca da relação entre educação superior e desenvolvimento. Sabemos que a educação superior gera desenvolvimento, como acontece com alguns países asiáticos, mas será que o desenvolvimento gera mais educação à medida que o país aumenta suas riquezas? Eles analisaram o que acontece nos EUA e concluíram que os investimentos em pós-graduação e centros de pesquisa têm um efeito muito maior nos estados onde o avanço tecnológico já é mais extenso, como Massachusetts, do que em estados menos desenvolvidos, como o Alabama. Nos estados mais atrasados os investimentos em educação secundária tem um efeito muito maior do que os gastos na pós-graduação.
Veja que trata-se de um trabalho extremamente sério mas que infelizmente tem pouca chance de ser utilizado no Brasil. O eterno chavão de diminuir as desigualdades regionais do Brasil tem que ser utilizado com muito cuidado. Devemos, sim, diminuir as diferenças sociais entre a diversas regiões mas devemos parar aí. Porém, quem é que vai endossar a proposta de que a região sudeste e sul, que detém quase 75% dos cursos de pós-graduação, devam ser privilegiadas? Muita gente séria no Brasil acha que não é possível investir em ciência e tecnologia de forma uniforme e pulverizada como vem acontecendo, e que a maior parte dos recursos deve ser concentrado nos estados mais desenvolvidos. Agora há um estudo sério comprovando isso. Vamos novamente tapar o sol com a peneira?
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